Sábado, 24 de Maio de 2008
Faz hoje três meses dia vinte e quatro de Junho que estou limpo e deixa-me dizer que é muito bom.
O momento em que mais sinto felicidade, é quando acordo, pois é nessa altura que vejo que não preciso de substâncias tóxicas, para me levantar e para enfrentar o dia.
Ao contrário daquilo que pensava, já consigo passar os dias sem a droga no meu pensamento, já encontrei pessoas da antiga vivência onde pensei “será que já fui assim?” hoje não consigo imaginar-me naquele modo de vida, perdemos completamente a noção das figuras tristes que fazemos.
Ontem também passei por um local onde não havia a preocupação de esconder aquilo que fumavam, o meu primeiro pensamento foi que figura parecem que têm prazer em mostrar o que se fuma ali, senti-me feliz por não ter qualquer interferência no meu bem estar, embora eu tenha a consciência de que essas pessoas não sabem com o que estão a brincar, pois a droga acaba por vencer sempre.
Para essas pessoas deixo um conselho: eu já fui como vocês, dizia sempre que não precisava de ajuda, mas, uma dia tive a coragem de dizer que precisava.
Por isso agradeço á instituição onde estou o trabalho que têm feito comigo de modo a eu conseguir vencer esta luta diária.
Despeço-me de todos com aquele abraço.
Quinta-feira, 8 de Maio de 2008
Se ainda tinha algumas dúvidas sobre a minha recuperação, essas dúvidas ficaram desfeitas, depois do que se passou ontem dia 7 de Maio.
Tive uma saída de funcionamento, da qual se aproveitou para ir a casa de um ex-utente da instituição, onde fomos informados pelos pais que ele teve uma recaída e não quer admitir.
Vi aqueles pais sem vontade de viver, destroçada a mãe exclamou: “criei três filhos e não sabia que estava a criar um monstro”.
Claro que isto foi um desabafo de uma mãe desesperada, mas é o que todas as mães sentem nestas circunstâncias, por isso a minha não fugia á regra.
Quando fez este desabafo, comentei com os presentes que me fez lembrar a minha mãe, onde reparei que a senhora estava com as lágrimas nos olhos, dizendo para eu ter coragem.
Agora vejo o mal que pessoas que vivem sobre o efeito de drogas provocam nos familiares.
Eu também já fui um monstro, onde fiz sofrer os meus, hoje peço a Deus para me dar coragem e força, para que a minha mãe e todos os familiares tenham orgulho em mim pois já sofreram bastante.
Chega de ser “monstro”…
Para todos que me lêem, aquele abraço terno.
Domingo, 4 de Maio de 2008
Uma rosa para todas as mães do mundo, especialmente para a minha e, para todas as mães que têm filhos com o mesmo problema que eu já tive.
Que tenham muita força e coragem, é difícil, mas é possível.
Aquele abraço terno.